Desde o ilustre, porém já aposentado Clube da Madrugada (1954 - até os dias de hoje _apenas simbolicamente...), Manaus não via surgir um movimento artístico/literário. Porém, a boemia de décadas, desde que a literatura marginal se tornou uma febre entre os jovens escritores de todo o mundo, a partir dos anos 60, finalmente conseguiu produzir um movimento de fato nas plagas amazônicas.
Tudo começa ainda em 1994, quando Márcio Santana, José Canuto e Janer José se reunem para pensar uma nova forma de abordagem literária numa Manaus então prá lá de estagnada. Muitas idéias e nenhuma realização duradoura marcou este período, até o novo século e novo milênio surgirem no horizonte. Em 2001, Márcio Santana convida Marcos Ney para tentarem uma revista. A proposta fica pendurada, dando tempo para Marcos Ney ainda tentar o suicídio por questões amorosas. Sua tentativa de dar fim à própria vida tomando produtos de limpeza, felizmente, não dá certo e em 2003 a idéia da revista toma corpo.
O nome Sirrose é adotado para deixar claro o caráter marginal, boêmio e corrosivo da revista. Propositalmente, a palavra é grafada com S, para passar a idéia de "escrita de bêbado". O primeiro exemplar é impresso (de forma semi-ilegal, como é até hoje), reunindo vários escritores de bar, de todas as idades (a maioria jovens entre 20 e 35 anos).
Após o porre de batismo da primeira edição, Márcio, Marcos, Bocão, Diego Morais, Wagner e mais um ou dois outros membros da revista resolvem divulgá-la em um colégio. Era de manhã e todos estavam de ressaca (tinha virado a madrugada). Entraram no Colégio Brasileiro e propcuraram pela direção. Ninguém havia chegado, nem mesmo muitos professores. O colégio estava entregue à bagunça dos alunos. Os sirróticos entram em uma sala de aula e começam sua divulgação, declamando poemas e empolgando os estudantes desocupados.
Quando já estavam na segunda sala de aula, a coordenadora chega e vai verificar do que se trata aquela inesperada manifestação. Eles explicam seu interesse em divulgar sua literatura e ela, em princípio, lhes concede a devida permição. Em agradecimento, Bocão abraça-lhe e dá-lhe um beijo no rosto. Pra quê?...
Tão logo o diretor chega, ele já solta os cachorros sobre os sirróticos, acusando sua literatura de pornográfica e chamando a polícia. Marcos Ney se empolga em fazer um discurso, inflamando os ânimos dos estudantes que só queriam um pé para ver o circo pegar fogo. Finalmente a polícia chega e todos vão para a DP. Lá, são fichados sob a acusação de incitar baderna em uma instituição de ensino e vender literatura pornográfica à menores. Para completar, a coordenadora acusa Bocão por assediá-la sexualmente, beijando-a no "pescoço" (pode?!)... Os sirróticos passam um dia na cela, aguentando humilhações e "visitas" inesperadas. Primeiro, são obrigados a ficar só de cueca na cela (o único a ficar de calça é Marcos Ney, pois não usava cueca). Depois, recebem a ilustre visita da delegada, que aparece abraçada à sua "gata" e faz aquela pressão básica. Por fim, um militar aparece perguntando: "_Quem foi o palhaço que deu um chupão no pescoço da mamãe?!" Uma vez liberados, saem já com julgamento marcado. São condenados, mas recebem penas alternativas (Márcio Santana, por exemplo, teve de distribuir três cestas básicas). Todas as revistas apreendidas com a pequena trupe de escritores são incineradas pela polícia, numa atitude digna do Santo Ofício.
Porém, este foi apenas o batismo de fogo (literal!) do movimento. Em 2004, durante a Semana de Filosofia da Universidade do Amazonas, Márcio, Marcos e mais um amigo de outro estado (cujo o nome me escapa à memória) pedem para entrar na palestra de um professor convidado e fazer uma "intervenção poética" (declamar de surpresa, coisa que eles já faziam nos bares). o professor responsável não os permite e como protesto os sirróticos ficam nus no haw da universidade. A eles também se junta o poeta, quadrinhista e também sirrótico Adriano Furtado, que fica igualmente nu. Desta vez os sirróticos escapam da cela, pois amigos da universidade intervém e contornam a situação.
E assim, de lá para cá o movimento cresceu, arrebanhou novos e excelentes aderentes e já ganha a atenção, ainda que cautelosa, da imprensa regional e de instituições divulgadoras da cultura em Manaus, como a TV UFAM e a livaria Valer.
Tudo começa ainda em 1994, quando Márcio Santana, José Canuto e Janer José se reunem para pensar uma nova forma de abordagem literária numa Manaus então prá lá de estagnada. Muitas idéias e nenhuma realização duradoura marcou este período, até o novo século e novo milênio surgirem no horizonte. Em 2001, Márcio Santana convida Marcos Ney para tentarem uma revista. A proposta fica pendurada, dando tempo para Marcos Ney ainda tentar o suicídio por questões amorosas. Sua tentativa de dar fim à própria vida tomando produtos de limpeza, felizmente, não dá certo e em 2003 a idéia da revista toma corpo.
O nome Sirrose é adotado para deixar claro o caráter marginal, boêmio e corrosivo da revista. Propositalmente, a palavra é grafada com S, para passar a idéia de "escrita de bêbado". O primeiro exemplar é impresso (de forma semi-ilegal, como é até hoje), reunindo vários escritores de bar, de todas as idades (a maioria jovens entre 20 e 35 anos).
Após o porre de batismo da primeira edição, Márcio, Marcos, Bocão, Diego Morais, Wagner e mais um ou dois outros membros da revista resolvem divulgá-la em um colégio. Era de manhã e todos estavam de ressaca (tinha virado a madrugada). Entraram no Colégio Brasileiro e propcuraram pela direção. Ninguém havia chegado, nem mesmo muitos professores. O colégio estava entregue à bagunça dos alunos. Os sirróticos entram em uma sala de aula e começam sua divulgação, declamando poemas e empolgando os estudantes desocupados.
Quando já estavam na segunda sala de aula, a coordenadora chega e vai verificar do que se trata aquela inesperada manifestação. Eles explicam seu interesse em divulgar sua literatura e ela, em princípio, lhes concede a devida permição. Em agradecimento, Bocão abraça-lhe e dá-lhe um beijo no rosto. Pra quê?...
Tão logo o diretor chega, ele já solta os cachorros sobre os sirróticos, acusando sua literatura de pornográfica e chamando a polícia. Marcos Ney se empolga em fazer um discurso, inflamando os ânimos dos estudantes que só queriam um pé para ver o circo pegar fogo. Finalmente a polícia chega e todos vão para a DP. Lá, são fichados sob a acusação de incitar baderna em uma instituição de ensino e vender literatura pornográfica à menores. Para completar, a coordenadora acusa Bocão por assediá-la sexualmente, beijando-a no "pescoço" (pode?!)... Os sirróticos passam um dia na cela, aguentando humilhações e "visitas" inesperadas. Primeiro, são obrigados a ficar só de cueca na cela (o único a ficar de calça é Marcos Ney, pois não usava cueca). Depois, recebem a ilustre visita da delegada, que aparece abraçada à sua "gata" e faz aquela pressão básica. Por fim, um militar aparece perguntando: "_Quem foi o palhaço que deu um chupão no pescoço da mamãe?!" Uma vez liberados, saem já com julgamento marcado. São condenados, mas recebem penas alternativas (Márcio Santana, por exemplo, teve de distribuir três cestas básicas). Todas as revistas apreendidas com a pequena trupe de escritores são incineradas pela polícia, numa atitude digna do Santo Ofício.
Porém, este foi apenas o batismo de fogo (literal!) do movimento. Em 2004, durante a Semana de Filosofia da Universidade do Amazonas, Márcio, Marcos e mais um amigo de outro estado (cujo o nome me escapa à memória) pedem para entrar na palestra de um professor convidado e fazer uma "intervenção poética" (declamar de surpresa, coisa que eles já faziam nos bares). o professor responsável não os permite e como protesto os sirróticos ficam nus no haw da universidade. A eles também se junta o poeta, quadrinhista e também sirrótico Adriano Furtado, que fica igualmente nu. Desta vez os sirróticos escapam da cela, pois amigos da universidade intervém e contornam a situação.
E assim, de lá para cá o movimento cresceu, arrebanhou novos e excelentes aderentes e já ganha a atenção, ainda que cautelosa, da imprensa regional e de instituições divulgadoras da cultura em Manaus, como a TV UFAM e a livaria Valer.
MARCELO FARIAS
Uma breve história tendo muito mais a ser contado.
ResponderExcluir